quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Ainda é tempo, ainda há tempo.

Fechou os olhos, refletiu por um minuto. Jogou o chiclete amargo e tirou do peito o grito mais alto que tivera, embrulhado em incertezas e mentiras. Lavou a alma, em partes. Precisava ainda, experimentar o gosto doce da vingança. Então sentou e relaxou os ombros. Tomou coragem, segurou o telefone e discou os números, ainda na memória. Respirou fundo ao primeiro toque, mordeu os lábios em nervosismo ao segundo bip. E alguém disse alô. Respirou fundo mais uma vez e prometeu a si mesma que não ia fraquejar.

- Alô, olha, sou eu. Estou ligando pra te dizer que você pode esquecer a conversa do outro dia. É, andei pensando e acho que eu me enganei, de novo. De novo e desde o maldito dia em que você apareceu e me iludiu com as suas promessas que nunca se cumprem. Desde o exato minuto em que meu compartimento de paciência estava cheio demais e resolveu explodir, resolveu me lembrar de que eu ainda preciso viver, de que eu sou tão ser humano como você, que justifica a sua existência passando noites inteiras se divertindo com mulheres faceis e morre de arrependimento quando eu ouso dizer que vou te deixar de vez. Escuta, mais escuta bem. Lembra daquelas minhas teorias sobre amor, que você adorava ouvir? Agora eu entendo o motivo de tanta atenção. Era remorso, por saber que tudo aquilo era o que eu mais desejava e tudo o que você não podia me dar. Era um peso enorme na pouca consicência que te restava por encontrar vontade de estar ao meu lado mesmo sabendo que duraria pouco. Me pergunto por que você não me disse nada. Não, não precisa responder. A partir de hoje já não me interessa e nem faz diferença. Vai, vai viver a vida que você sempre quis e que eu te impedi. Vai e continue construindo seu castelo de ilusões necessárias, passe por cima dos sentimentos e das lágrimas e faz a sua vida. Encha a cara e acorde de ressaca no dia seguinte, ou melhor, nem durma. Magoe mais pessoas se é disso que você gosta. Traia, bata o seu carro e mande a conta pro seu pai pagar. Continue sendo um nada. Deixe os anos passarem sem que você perceba. Mais nunca, nunca mais, nem em pensamento procure por mim. Depois que eu colocar este telefone no gancho, não vai existir nenhuma faísca de você. Precisava te falar para que você acredite que eu não vou passar a minha vida imaginando meu futuro do seu lado. Não nasci pra morrer de fome. Fome de amor.

Com a maior dignidade que já sentira, pousou delicadamente o telefone em seu lugar e sorriu. Não restava ali e nem em nenhum canto escuro uma fenda sequer de dor. Suspirou alto e abriu a janela. O sol era o esplendor e o céu seu palco. Não restava dúvidas, era hora de viver.

14 comentários:

  1. Eita essa que um dia fez isso é uma mulher de fibra! Parabéns pelas palavras, realmente precisamos dar valor a nós e amar apenas quem nos ama e nos merece!!

    Bjos no teu coração Flávia

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  2. Sempre há tempo quando fazemos acontecer.
    Sempre há tempo pra amar, pra perdoar, pra ser amado e principalmente para viver.

    Belíssimas palavras.
    Sigo-te sempre.

    Beijos.

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  3. Tudo que foi feito é necessário pra melhor se prosseguir.

    Falo assim com tristezas, mas com alegrias de que novas manhãs brilharão enquanto muitos estão a se decepcionar por ñ conseguir mais sonhar.

    Para muitos os sentimentos são ignorados. e com isso a cabeça roda.....fazem lágrimas em nós que daria para percorrer um rio...mas, o brilho sempre estará em ti.em ti que vive pra ser feliz e trazer felicidade.

    Te amo.

    Incontáveis abraços.

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  4. Sem palavras para dizer o quanto eu gostei do seu texto lindo perfeito *-*

    beijos, parabéns (:

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  5. BOA NOITE!!! LINDO BLOG, SUCESSO E MUITA PAZ.BJS

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  6. Que lindo!!
    Amei demais...
    gostei principalmente do final, muito encantador:
    "O sol era o esplendor e o céu seu palco. Não restava dúvidas, era hora de viver. "
    sempre é hora de viver né??
    bjos

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  7. Adorei o post.
    E adorei o blog.
    Mto legal aqui teu cantinho.

    Beijoo

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  8. adorei. muito.
    eu queria ter a coragem que a sua personagem teve.
    fiz um texto parecido esses dias, e nem nele eu consegui ter coragem pra agir assim.

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  9. Ah, Flavinha que texto recheado de emoções...

    "Suspirou alto e abriu a janela. O sol era o esplendor e o céu seu palco. Não restava dúvidas, era hora de viver."


    Linda, é hora de viver e deixar para trás rastros de desilusão...


    Um beijoooooo adoroooooooo seu espaço

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  10. Ta dando problema quando vc tentou me seguir?
    Pq antes tava dando um erro...
    Acho que agora voltou a funcionar.

    Bjos. Obrigada por tuas palavras.

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  11. Eu tenho medo sabia? dessa coragem ser so coisa de momento. De quando eu desligar, doer, e querer retornar, a mais um erro. A tudo. Mais uma vez.

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  12. uau! Isso é que é postura de mulher decidida a que veio! Adorei ler isso e me vi em muito do que escreveu, não só aqui neste post, mas em outros também. Adorei!!

    Bjus da menina dos olhos puxados!

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  13. eles ficam com outra,e quando falamos que vamos terminar sentem medo,da pra itender ?

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  14. Belo texto Flávia! É complicado essas coisas mesmo. Mas no fim das contas, quem sai perdendo mesmo não é vc, e sim quem não lhe deu o devido valor. Gostei do blog, bons textos, e visual delicado. Vou te visitar mais vezes.Parabéns!
    BeijO.
    Fé.

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