Das procuras erradas, os encontros certos.

Entre as procuras erradas, as saudades sentidas, os dedos cruzados, há sempre uma faísca desse outro que habita os meus sonhos. Cada vez que encontro um coração que não bate no mesmo ritmo que o meu, lembro a falta que faz a sintonia de um sentimento correspondido. Vai acontecer... Na fila da padaria ou do teatro, no meio do trânsito ou da multidão, no momento em que as esperanças estiverem gastas demais pra serem levadas a sério. Não existe mágica, destino, não existe sorte. Existe eu, o outro e uma sutil diferença que mora em alguma parte desse encontro: a vontade de torná-lo real. Algo que escapa aos sentidos, mas que de alguma forma, é perceptível dentro do peito. Os encontros acontecem todos os dias, enquanto olhamos nos olhos, enquanto compartilhamos sonhos, enquanto brincamos de acreditar que pode ser diferente... Mesmo depois dos tropeços, ainda existe algo que nos transporta para o desconhecido e nos lança a ele de olhos fechados na tentativa de encontrar ali um porto seguro pra permanecer. Por isso, não procuro pelo outro, apenas me lanço a ele, porque são das falhas que saem os primeiros impulsos, são das procuras erradas que nascem os encontros certos. Não há acerto sem tentativa.