Preguiça de ser.

A minha incompreensão das coisas já se tornou algo tão comum de me ocorrer, que quase não me importo. Me envolvo em uma teia de complicações, de entrelinhas, de sentimentos que nem são meus e acabo por sempre deixar meu próprio eu pra depois, em um canto qualquer, sempre esperando por um pouco de atenção. Cada pequeno espaço entre as coisas que eu vivi e aquilo que eu ainda não me arrisquei, é sempre tomado por uma confusão interna, algo que não me deixa progredir, justamente quando acho que vou conseguir mais de mim, justamente quando penso ter sido mais do que posso ser.
Já sei de cor todas as minhas fraquezas e já sei também o caminho pra escapar delas. Mais tenho medo de seguir por ele, tenho medo de me perder em mim, tenho medo de não ser o que sou. Tenho medo do que é novo. E mais medo ainda de me tornar uma pessoa vazia.
Eu sei o que é isso. É a falta do que eu já não tenho mais, é a falta de tudo que um dia me parecia tão fundamental, é a falta da parte mais simples de mim, que cresceu e exigiu um pouco mais para si. É o excesso de futilidade, de preocupações desnecessárias; O lado mal resolvido. A carência de mim mesma!
Tenho urgência de alguma coisa nova. Alguém novo. Que me faça mudar de opinião, que radicalize todas as minhas idéias anteriores.
Preciso mais do que tudo, entender que a vida é mais do que eu consigo ver. É pura intuição, não mera loucura. Talvez isso, já até tenha entendido. O que falta é parar de ter preguiça de mim, e procurar o que me baste. Procurar o que me canse, o que realmente provoque em mim qualquer coisa diferente das mesmas sensações mornas que já me cansaram o coração.