quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Feliz encontro.

A moça dos olhos cor de esmeralda fazia o mesmo caminho todos os dias: descia a avenida principal, atravessava duas esquinas e seguia em linha reta em direção a sua casa. No meio do caminho, a moça despertava alguns olhares, arrancava alguns sorrisos e por vezes, sorria de volta. O balanço do andar da moça parecia balançar também alguns corações. O que ninguém sabia era que a moça não tinha vocação para o amor; sempre dava um jeito de mandar embora todo o afeto que chegava: cartões, flores, canções. Nada disso dava brilho aos olhos da moça. O coração da moça não se abria e ninguém sabia em que esconderijo estava a chave. Um dia a moça resolveu mudar de caminho: virou a primeira esquina e enxergou a sua frente, o desconhecido. Levantou os olhos que viviam baixos e cruzou com outros olhares: alguns apreensivos, outros curiosos e outros apaixonados. E foi nesses que a moça reparou. A moça viu o brilho que ali habitava; observou como os sorrisos deles se completavam e como a simetria das mãos unidas parecia perfeita. A moça sorriu para um estranho e acenou para um velho: a moça descobriu que o amor era bonito. Num desses dias em um caminho diferente, a moça encontrou o destino; ou a sorte ou a fé, chamem como quiser. Quando a moça o viu, sabia que não era mais a mesma. A moça lembrou da sensação que tivera naquela primeira vez em que ousou mudar de rumo. Na magia daquele encontro, o amor aconteceu. O coração da moça se abriu, e a chave para tal façanha era apenas a de encontrar outro coração que batesse no mesmo ritmo. Ninguém sabe se a moça foi feliz, nunca mais ouviram falar sobre ela. Não importa se o coração se sentiu completo por um instante ou por uma vida; dali, a moça levara uma lição que a acompanharia por todas as estradas que decidisse passar: ela só encontrou o amor quando mudou de caminho, porque amor é aquilo que se sente dentro do peito, e não aquilo que te fazem acreditar.

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